Antes de rapelar você deveria conferir todos os aspectos do seu sistema. O Acrônimo para os sistemas de rapel é o FREIO, desenvolvido por Cyril Shokoples, 10 anos atrás e agora largamente usado pelos escaladores mundo a fora, podem ser facilmente montados e conferidos como um checklist. É uma boa ideia de conferir todo o sistema em voz alta tocando no equipamento à medida que se confere, confirmando que está tudo montado adequadamente e que irão funcionar bem.
F – Fivelas: Confira as fivelas do seu baudrier. Certifique-se que todas as fivelas estão fechadas apropriadamente.
R – Equipamento de Rapel/Cordas: Confira os mosquetões do seu sistema, se estão fechados, as duas pontas da corda corretamente conectados ao sistema e a corda passando corretamente no sistema.
E – Equalização/Ancoragem: Confirme que a ancoragem é boa. Se for uma arvore, certifique-se que ela esta viva, e que é larga o suficiente para suportar seu peso, e que tem uma boa base de raízes. Se for um boulder, certifique-se que não vai se mexer. Se estiver rapelando em proteções fixas certifique-se que elas são fortes o suficiente. Confira e reconfira que nenhuma fita, cordelete ou corda estão danificadas ou muito velhas.
I – Nós gerais e de União de Cordas: Confira todos os nós do sistema. Certifique-se que os nós de união das cordas estão corretamente apertados e com sobra o suficiente.
O- Nó nas pontas da corda: Certifique-se que as pontas da corda estão com nós para evitar que passem pelo freio caso cheguem ao final antes de você estar preso à próxima ancoragem. Confirme que as duas pontas da corda estão com nós.
S – Segurança de Back Up: Use um auto block / Prussik de back up e certifique-se que você não estará rapelando bordas afiadas.
Estatisticamente, o rapel é o procedimento com mais acidentes fatais registrados em escaladas.
Teoricamente, é somente uma descida em corda, usando equipamentos que foram projetados para tal. Não há impactos como na escalada, nem pressão em demasia como no canyoning. Então por que tantos acidentes fatais?
Vamos ver a situação dos escaladores:
Quando o escalador rapela, normalmente está cansado, após terminar uma via.
A adrenalina da escalada e a euforia de terminar a via podem causar desatenção.
Muitas vezes se rapela com pressa, ao final do dia, ou antes, de uma chuva.
É pouco comum ouvir falar de algum acidente em que o equipamento tenha falhado. O mais provável é que o escalador tenha se esquecido de algum item como o nó no final da corda, passado a corda de forma errada no dispositivo de bloqueio, ou que o mosquetão principal tenha aberto durante a descida.
No caso de não haver grampos de descida, equipamentos de abandono podem sair da rocha, se mal instalados. Fitas em pontas de rocha idem.
O fato é que nós quase sempre relegamos a atenção ao rapel em segundo plano, tomando o máximo de cuidado na subida e prestando pouca atenção ao rapel que nossos companheiros estão fazendo ou até mesmo esquecendo reconferir tudo antes de ficar na corda.
Existem alguns procedimentos que facilitam a visualização de nossos equipamentos, e que permitem saber facilmente se o rapel está sendo feito corretamente:
- Usar fitas de auto seguro (solteira) finas, diminuindo o volume de coisas penduradas na cadeirinha;
- Deixar pontos distintos para o auto seguro e para a corda nos sistemas de rapel;
- Posicionar a conexão do auto seguro de modo a facilitar sua retirada ao ficar na corda;
- Usar mosquetão grande como o principal da cadeirinha. O ideal é usar o modelo pêra.